sexta-feira, 25 de abril de 2008


O vazio.
O grito.
Meu vazio!
Meu silêncio!
Silêncio? Onde? Aqui?
Meus pensamentos não param um segundo!
Tentando sentir...
Tentando Escrever dentro de mim para que eu nunca esqueça.
Sinto!
Penso!
Vejo!
Insisto!
Implico!
Me critico!
Lotado?
Agora está vazio.
Meio amargo.
Meio quente.
Tudo que é meio é o inteiro daquele instante!
Quero ser metade para poder pensar inteiro!
Eu quero!
Eu olho!
Nem sempre enxergo, mas sempre toco!
Toque.
Toque o violão, a mão, a contra mão; Toque o alto, o baixo, o seco...
Toque o molhado; veja a chuva, sinta a chuva, lave o riso com as gotas da imaginação.
É apenas sensação!
É a cor, o preto, o branco, a caneta, o papel, o lápis, a borracha... Apague se encontrar o que te faz sentir!
Faça se puder!
Tente apagar o que te fez sentir!
Nunca!
Ninguém nunca fez!
Uma vez sentido; Visão, paladar, olfato, tato e audição.
Uma vez sentir...
Uma vez senti!
Apenas sinta!
É tudo sensação!
A estrada espera que você se sinta.
Tente se sentir inteiro quando ninguém nunca te fez metade!

Simone Costa

... e de volta a pensamentos, sentimentos e lembranças incluídas anteriormente... Encontrei a porta aberta e logo percebi que a infância tinha partido; de um lado a realidade, do outro lado à fantasia. Pude medir cada passo que já caminhei até hoje, neste dia, neste exato momento.
Lembrei de amigos que corriam ao meu lado e que hoje nem se quer sabem a cor dos meus cabelos.
Vi que o tempo às vezes transforma as amizades em um simples “olá, como vai? Vou bem, e você?”! Senti que os passos nem sempre são os certos, mas que naquele instante só existia uma única porta, com somente uma cadeira, uma mesa, uma caneta e papel... Somente um papel, uma única folha frente verso e que naquele momento você teria que escolher quem levaria pra sempre em seus pensamentos e quem você deixaria pra trás; mas como escolher o poema que seria perfeito, se sua vida ainda não a mesma cor da caneta sobre a mesa? Será que não pode ser um lápis, assim eu posso escrever e apagar, escrever e apagar mais uma vez sempre que necessário? Nesta folha coloquei o nome de alguns poucos amigos e contei das brincadeiras, dos cavalos, das bicicletas, das quedas, dos amigos imaginários, da ansiedade do primeiro dia de escola, mas já tinha acabado a parte da frente da página. Não lembrei de tudo, nem de todos, só pude lembrar de quem estava naquele momento na minha mente. Lembrei da primeira vez que troquei a turma da Mônica por uma revista qualquer.
Me dei conta que enquanto eu estava aqui sentada nesta cadeira, no meu mundo e no meu instante, pessoas lá fora passavam e não podiam entrar, pois o mundo era meu e somente eu poderia decidir a hora de escrever o poema ideal.
Resolvi sair e viver!
Resolvi viver, lembrar, sentir, escutar, sonhar, desbravar, enlouquecer e dar o verdadeiro sentido a tudo que está escrito.
Resolvi viver com um caderno debaixo do braço e um lápis para que o poema cresça junto com cada passo dado, mesmo que as vezes ele seja leve, mesmo que as vezes ele seja pesado!

Simone Costa