quinta-feira, 10 de abril de 2008

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Um dia, sentei na calçada da minha rua e vi crianças correndo atrás de bola e de esconde – esconde, mas minha vontade era de ficar ali, sentada, imaginando as estrelas e colocando um nome em cada uma delas.
Um dia, ganhei um cachorrinho da minha tia e coloquei o nome dele de snoop por causa do desenho, mas ele fugiu, e pela 1ª vez senti a perda. Logo tive outros cachorros, com outros nomes, mas o snoop nunca mais voltou.
Um dia chorei por ter que voltar da rua mais cedo e ter que estudar o livro que minha mãe insistentemente me obrigava a ler, mas eu só queria ver o cometa passar. Já passei a tarde inteira de domingo andando de bicicleta até minhas pernas não agüentarem mais e foi então, que vi duas pessoas jogando xadrez... Achei lindo o cavalo e queria um pra mim, no mesmo instante descobri que não poderia; minha mãe nunca me compraria um cavalo, então minha saída foi aprender a jogar...
e aprendi!
Já me jogaram ovos no carnaval e também já chorei por isso.
Já perdi peças do lego, do plymobil, do boca rica e sempre achava antes que minha mãe percebesse a falta.
Um dia, corri atrás de amores que um dia achei que seria eterno, mas o eterno na verdade era só o instante em que eu sofria. Já pensei ter achado o poema perfeito para os meus sofrimentos, mas o único poema perfeito foi minha infância, que mesmo distante agora, ainda me traz lembranças boas e às vezes inevitáveis.
Um dia, achei que o amor era único e achei também que não conseguiria respirar e que o mundo sentiria pena de mim e por alguns minutos pararia o tempo para que eu pudesse me recuperar, mas ele nunca parou... Nunca mesmo!
Descobri que o dinheiro não compra a felicidade, mas compra o papel e a caneta!
Descobri que a falta que senti estava na tua ausência e nos vários encontros que tive pensando ter finalmente te encontrado, mas agora que encontrei, saiba que sou só poemas, sou sentimentos e nesse conjunto de sentimentos também estão incluídos tristeza e solidão; Vez por outra triste, sem motivos aparentes, apenas triste, talvez com a pobreza do mundo, talvez por nada; Vez por outra solidão, precisando apenas de um papel e de uma caneta, mas sou também amor.
O primeiro poema que escrevi foi sem intenção, mas logo percebi que o poema está nos olhos de quem lê... Qualquer sofrimento pode se tirar uma frase bonita nem que seja o “batatinha quando nasce se esparrama pelo chão” e hoje ele parece ser tão lindo. Por incrível que pareça fiquei imaginando as batatinhas nascendo e se esparramando pelo chão. Hoje eu só estou triste! Nada mais! Só queria estar de volta! Vou me procurar e logo, logo estarei de volta... Por enquanto a linha parece estar muda!

Simone Costa

Não!
Não quero perder as palavras e nem os desenhos que você pintou.
Não quero sentar na frente da TV e ver que nada tem graça sem sua impaciência.
Mude os canais!
Seja aberto ou fechado, mas mude os canais e então desligue...
Apenas sente do meu lado e me ensine suas regras de português.
Me ensine sobre o aquecimento e o desmatamento, mas sente do meu lado e antes de tudo... Sorria!
Não quero enxergar as noites no amanhecer e nem quero acordar no meio do dia e ver que você ainda nem chegou aqui.
Venha!
Te dou minha letra e meu violão.
Posso ouvir suas músicas mesmo sem conseguir enxergar a mesma beleza que você enxerga.
Posso andar distraída e saber que mesmo de olhos fechados conseguiremos nos encontrar.
Quero ouvir, sentir, tocar e sonhar tudo o que vem desse teu mundo!
Não sei voar, mas posso escrever poemas que, pelo menos te farão sonhar!
Não sei voltar no tempo e corrigir velhas escritas, mas ainda consigo pensar em palavras novas.
Não quero escrever agora... Só queria que o tempo enxergasse que sem teus segundos meu mundo se perde em páginas brancas... Sem poemas, pensamentos ou qualquer outra canção!

Simone Costa